quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Desabafo pessimista de um músico. Liguei o f***-se!

Atualmente, no meio musical, fala-se muito em "novo modelo" para produção e divulgação musical.
Os fatos são. As indústrias fonográficas (e o setor privado também não!) não investem mais, a produção musical é cara e envolve diversos setores e profissionais, existe uma imensa oferta de música e ninguém quer pagar mais para ter o trabalho do artista.

Neste contexto, não há ninguém mais para bancar o artista enquanto sua música não da retorno financeiro. (Creio que esta alegação de alguém bancar o artista para ele produzir música irá assustar a nova safra de músicos). A uma, musica gravada não dá mais retorno financeiro e, a duas, por não terem nada gravado não tem como divulgar o seu trabalho. Circulo vicioso maldito!

Por incrível que pareça (rs) os músicos pagam contas de água, luz, telefone, gás, escola dos filhos, supermercado, aluguel, prestações diversas, sem contar as contas de manutenção periódica dos instrumentos, períodos de ensaios, período de gravações, horas de produtor musical, transporte e alimentação para Shows (Os infelizmente necessários "Shows de investimentos" ou os famosas apresentações nominadas "Pagar pra tocar").
Lí por aí que a música deixou de ser um produto e virou um serviço. Concordo com esta frase e faço parte da turma que fica repetindo-a por aí!


Então a solução é dar Shows? Sendo assim, há algum músico INDEPENDENTE por aí que consegue se bancar apenas com os shows de sua música AUTORAL? Gostaria de te conhecer e perguntar como consegue!

Então, até que ponto iremos aguentar bancar com nosso sofrido dinheiro conseguido por meios estranhos a arte para financiar nosso sonho? Será este o único caminho? Não sei responder a estas perguntas. Mas as faço devido a minha situação.

Sou advogado, minha mulher está grávida e pago inúmeras contas (como diversas outras pessoas). No decorrer de muitos anos consegui adquirir equipamentos de gravação e monitoração. Com muita dificuldade fiz o tratamento acústico de um quarto, onde produzo bandas e a mim. Não paro de comprar livros e faço cursos de áudio regularmente. Me considero AFORTUNADO por ter condições de realizar minhas gravações e ter esta pequena infra-estrutura de produção.

E quem não têm??????? A música destas pessoas irá morrer por falta de investimento?????? Isto é uma coisa horrível!!!!!!!

Por conta disto, em alguns momentos desanimo de ser músico. Para expurgar este sentimento, finjo que sou doido (rs), penso em outras coisas e coloco em minha cabeça que o problema não é comigo!
É assim que vou seguindo com meu sonho! Neste meio tempo, continuo investindo, tocando e praticando.

E sabe porque faço estas coisas? Acredito que algumas pessoas irão vencer esta maldita fase de transição artístico/musical que já dura uns 15 anos! E não quero chegar a velhice e falar para o meu filho, JÁ FUI BOM NISSO!!! Irei morrer tentando. E tenho certeza que se você leu até aqui, compartilha deste sentimento!

Merda para nós!

6 comentários:

  1. As pessoas inteligentes sao sempre indecisas, eu acho...

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  2. Massa as várias questões!
    Eu passei uns apenas 5 anos tentando entender minha relação com a música e consegui não criar expectativa qto a retorno financeiro. E como nunca vou parar de faz3er música, mantenho uma vida paralela de trabalho cou outra coisa! Mas esse lance de entender a relação com a música é muito importante mesmo, hj me sinto mais seguro qto a isso e continuo achando díficil vender arte... ...posso ter desviado um pouco as questões, mas foi o q me causou o seu desabafo...
    ...sei q pensar de forma mais "metafísica" a "nossa" música não enche a barriga dos filhos ou paga contas, mas enriquece a alma e nos faz fortes...
    R. Menezi (Festenkois)

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  3. Obrigado pelo comentário Rafael. Realmente a música enriquece a alma e nos faz fortes. E é também por estes motivos que continuo na labuta! rs
    Abs.

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  4. Compartilho de algumas coisas sim. Já larguei curso (computação na feds), banda (que ironia, hehe) e emprego estável pra poder estudar música. O caminho é duro, duro mesmo, igual eu 'to aqui agora, atolado no cheque especial, devendo amigos, enfim, deixando de fazer muita coisa aí por falta de grana. Mas é a vida que escolhi. E continuarei nela enquanto ela me oferecer sentido. Desejo, de coração, muita força a todos que se dedicam ao fazer artístico.

    Arthur Vinícius

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  5. Obrigado pelo post Arthur e pelos votos de força, para todos nós!

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  6. é meu caro a galera está viajando nessa onda de que a música é free. E os músicos, que deveriam estar imersos nas artes (música, literatura, artes plásticas, cinema, pintura, etc) para evoluir como artistas e musicalmente hoje ficam perdendo o seu tempo com produção, myspace, etc. Resultado: como vc já adiantou, mais do que nunca a música tem que virar mercadoria, só que nem é prá vender, mas prá ser doada. A era da internet fez da música uma mercadoria vagabunda como um chicletes. Além disso, com esse lance dos perfis das bandas, a imagem passa a valer mais do que a música. E o pior, para mim é que as bandas ficam tentando se auto-promover, o que eu acho ridículo. Se alguém (de credibilidade) ouve e fala que é bom é uma coisa. Mas a própria banda ficar se vangloriando é pior que masturbação, é chupar o próprio...r´n´r!!! Que lástima. Essa era da internet par a música ainda não trouxe nada de bom. Tudo está aí, tudo circula, todos têm acesso, está tudo padronizado - e a culpa não é do myspace, é dos próprios músicos, que não conseguem mais inovar. Eu poderia continuar dizendo um monte, mas fico, anonimamente, por aqui.

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